Tributações Autónomas e Cálculo do IRC: O Que Todo o Empresário Deve Saber
Se é empresário e já olhou para a nota de liquidação de IRC da sua empresa com surpresa — ou frustração —, este artigo é para si.
6/4/20253 min read


Se é empresário e já olhou para a nota de liquidação de IRC da sua empresa com surpresa — ou frustração —, este artigo é para si.
Mesmo quando a empresa não apresenta lucro, o Estado pode exigir o pagamento de imposto através das chamadas tributações autónomas. Além disso, muitos empresários ainda não compreendem como o IRC é efetivamente calculado — o que dificulta a gestão financeira e o planeamento fiscal.
Neste artigo, explicamos de forma simples e direta:
Como o IRC é apurado
O que são tributações autónomas
E porque é que mesmo empresas com prejuízo podem pagar imposto
✅ Como é calculado o IRC?
O IRC incide sobre o lucro tributável, que não é o mesmo que o lucro contabilístico. É o valor obtido depois de se aplicarem vários ajustamentos ao resultado contabilístico da empresa.
Passos principais:
Acrescentar rendimentos ou despesas não aceites fiscalmente
Retirar despesas dedutíveis e benefícios fiscais (como o SIFIDE ou DLRR)
Aplicar a taxa de IRC:
20% (nova taxa geral de IRC em vigor para 2025)
16% nos primeiros 50.000 € de matéria coletável, para PME
Somar as tributações autónomas, se aplicáveis
📌 Ou seja, mesmo com lucros baixos, o IRC pode aumentar por erros simples — como falta de justificação de despesas, ou por não aproveitar deduções legais.
✅ O que são as tributações autónomas?
As tributações autónomas são impostos aplicados diretamente sobre determinadas despesas da empresa — mesmo que esta tenha prejuízo.
Ou seja, ao contrário do IRC “normal” (que só se paga se existir lucro), estas tributações aplicam-se diretamente sobre certos gastos considerados sensíveis ou de uso duvidoso, como por exemplo:
Carros da empresa (especialmente os ligeiros de passageiros)
Despesas de representação
Ajudas de custo
📌 O objetivo do Estado é garantir que estas despesas não servem para “gerir o lucro” nem fugir aos impostos, uma vez que nem sempre são fáceis de fiscalizar.
Por isso, aplica-se uma taxa fixa sobre o valor dessas despesas — que pode ir até 50%, dependendo do caso.
🚗 Exemplo simples:
A sua empresa compra um carro ligeiro de passageiros por 20.000 €.
Durante o ano tem:
2.000 € em despesas correntes com o carro (combustível, seguro, etc.)
5.000 € de depreciação anual (25% dos 20.000 €)
E apresenta prejuízo fiscal
📌 Como a empresa teve prejuízo, aplica-se a tributação autónoma de 18% a todos os encargos com a viatura (ao invés de 8% se apresentasse lucro).
➡️ Cálculo da tributação autónoma:
2.000 € (despesas) + 5.000 € (depreciação) = 7.000 € em encargos com viatura
7.000 € × 18% = 1.260 € de tributação autónoma
💰 Mesmo sem lucro, a empresa tem de pagar 1.260 € de imposto.
🧭 Conclusão
Mesmo com prejuízo, a empresa pode ter de pagar imposto porque o Estado não olha apenas para o lucro, mas também para o tipo de despesas realizadas.
As tributações autónomas existem precisamente para garantir que certos gastos — como viaturas, ajudas de custo ou despesas de representação — não escapam totalmente à tributação, uma vez que podem ser usados de forma pouco controlada.
Por isso, mais do que saber se há lucro ou prejuízo, é essencial entender como estas regras funcionam e como podem ser geridas com estratégia.
Com essa clareza, é possível tomar melhores decisões e evitar custos fiscais inesperados — mesmo em anos menos positivos.
Entender o funcionamento do IRC é apenas o primeiro passo. O verdadeiro desafio está nas decisões do dia a dia.
Descubra os 6 hábitos de gestão mais comuns que aumentam o IRC — mesmo sem que os empresários se apercebam:
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